16 de junho de 2010

Opinião: Gerente de projetos capataz

São três personagens do modelo antigo, denominado industrial, que de acordo com Valdez Ludwig estão prestes a desaparecer: o Senhor de Engenho, o Capataz e o Escravo.

Na entrevista, Ludwig mostra sua opinião sobre o modelo tradicional e como o capataz, uma alusão ao Gerente, está inserido no contexto. É sobre essa comparação que gostaria de opinar.



No vídeo, Ludwig apresenta sua polêmica opinião sobre o papel do gerente, que apesar de admirar e concordar com inúmeras opiniões dele, divirjo totalmente dessa específica colocação.

"O gerente não faz nada! Ele está desempregado. Passa o dia controlando e cobrando as entregas". Essa é a visão de Waldez. E arrisco a dizer que é uma visão tanto simplista sobre o assunto e as atribuições da função.

Tecnicamente, um profissional Gerente de Projetos deve dominar áreas como o Gerenciamento do Escopo, da Qualidade, das Comunicações, de Custos, de Riscos, do Tempo e Recursos Humanos. Essas são algumas das habilidades que o citado capataz deve ser conhecedor.

Além de todas as habilidades de gestão, um profissional gerente deve possuir competências emocionais, que o caracterizem como um líder, capaz de analisar o ambiente e se posicionar perante a equipe, a fim de alcançar os objetivos. São algumas competências da liderança: iniciativa, autocontrole, empatia, autoconfiança, comunicação, iniciativa, catalisador de mudanças, construção de relacionamentos, desenvolvimento dos liderados, entre outras.

Você agora pode afirmar: "Talvez Ludwig esteja se referindo a situações de equipes ágeis e com forte característica de auto-gerência". Eu respondo: equipes auto-gerenciáveis não excluem a necessidade da presença de um Gerente de Projetos.

Pergunto: quem será responsável por responder questões de gestão nesses casos? Infelizmente a teoria é ótima, mas na prática agilistas frequentemente encontram desafios como licitações, terceirizações ou a própria estrutura da organização onde trabalham. Uma saída para o impasse é sobrecarregar o gerente operacional, que deixa de se preocupar com necessidades do negócio, de alto nível, para cuidar de documentações, prazos, impedimentos e escopo.

Vale lembrar que o manifesto ágil não exclui o perfil de gerente de projetos do processo. No entanto, a figura do líder técnico á bastante festejada pelos agilistas, que possivelmente poderia substituir o Gerente de Projetos. Não vejo essa substituição como possível ou saudável para o projeto. Em  minha opinião banalizaram o Scrum Master, a figura mais próxima do Gerente de Projetos no contexto ágil
(Scrum).

Lamento Waldez, mas essa não dá para concordar.

Uma opinião. Qual é a sua?

Abraço.

13 de junho de 2010

Liderança Paternalista

Seguindo nos posts sobre estilos de liderança, comento agora sobre um líder bastante carismático e humano, o que poderíamos classificar como a antítese da liderança coercitiva - me refiro ao líder paternalista ou afiliativo.

Esse líder cria harmonia e investe nos laços afetivos. É uma pessoa extremamente fácil de conviver e tem como lema central "as pessoas em primeiro lugar".  E nesse ponto o líder afiliativo tem toda a razão, pois sem nenhuma dúvida podemos afirmar que o capital humano é o que uma empresa tem de mais importante.

Líderes com essa característica acreditam que melhores resultados são obtidos com um ambiente agradável, baseado na amizade e com autonomia. Certamente é um dos estilos mais adequados para o auto-gerenciamento, pois tem como princípio dar liberdade aos liderados para a execução dos trabalhos.

Inegavelmente o estilo paternalista promove a harmonia entre a equipe, tanto que é indicado em casos onde o grupo apresenta situações de estresse ou algum tipo de conflito interno. O líder com foco nas pessoas, que valoriza o indivíduo acima dos prazos e objetivos, tem facilidade em perceber momentos críticos e agir para trazer de volta a harmonia, a motivação e a moral da equipe.

Um dos impactos positivos do líder afiliativo é na comunicação. Como desenvolve uma gestão baseada em laços afetivos, existe a liberdade de expressar ideias e um ambiente colaborativo. Essa melhoria na comunicação é consequência das relações de amizade, pois é muito mais fácil se expressar quando se tem afinidade e abertura.

Com todo esse ambiente comunicativo é natural que a equipe seja mais criativa e que inove mais. E é isso que acontece em lideranças afiliativas. É possível notar como uma coisa leva a outra:
  • (Eu, liderado) Tenho abertura com o líder;
  • O ambiente é flexível e me permite inovar e ser criativo;
  • Posso expressar ideias;
  • Continuo a contribuir, pois sei que sou ouvido;
  • Dessa forma, me sinto parte dos resultados...
É um ciclo extremamente positivo. Imagine as consequências nos resultados dos projetos. Imaginou?

Imagine agora a lealdade que a equipe tem para com o seu líder.

Infelizmente o estilo afiliativo não tem só características positivas. O líder paternalista dá feedbacks generosos aos seus liderados, no entanto peca em situações onde o desempenho é fraco. São líderes próprios para equipes mais maduras e com um senso de auto-gerenciamento aguçado.

Como estamos acostumados a ouvir - os extremos são perigosos. Nesse caso, é mais uma prova que o uso exclusivo de um estilo de liderança pode comprometer o resultado final esperado. Assim, a liderança afiliativa deve ser aplicada de forma ponderada com base na equipe que o líder tem nas mãos.

Abraço.

9 de junho de 2010

Opinião: Estilo Google

Quando o novo lhe é apresentado, por vezes, no ímpeto de manter a inércia, você pode rejeitar uma ótima ideia. Uma das ideias polêmicas que sempre me atraiu é o estilo de trabalho que costumeiramente o pessoal atribui ao Google. Um estilo mais liberal, onde a criatividade é estimulada de diferentes formas - total sinestesia.

Muitos podem dizer que não funciona; que depende da maturidade da equipe; que a filosofia da empresa não se adapta ao estilo mais liberal. Toda a sorte de razões existem para o continuísmo.

Costumo dizer que para construir uma ideia são necessários argumentos sólidos e convincentes. Por outro lado, para destruir a mesma ideia existem muitos argumentos a mais. Construir é infinitamente mais difícil que destruir.

O que precisamos é voltar a enxergar a cada momento que deparamos com o novo. Buñuel e Dali brincaram com essa ideia quando apresentaram ao mundo o Cão Andaluz - um curta surrealista, que caiu no gosto de poucos. A clássica sequência em que o olho da atriz é cortado com uma navalha e o jogo de imagens com a lua cheia e as nuvens é fantástica e simboliza essa quebra de paradigma e o desapego dos pré-conceitos.

É isso aí! Para receber uma ideia revolucionária é preciso se despir da maneira de como vemos o mundo. É abrir a cabeça, reavaliar conceitos e se perguntar: por que não ousar?

Os princípios desse ambiente "Google" são a motivação e o comprometimento. A motivação gerada pelo ambiente leve e descontraído, propício para inovação e a criatividade; e o comprometimento de garantir o que foi acordado, de cumprir as metas que inevitavelmente serão desafiadas.

Esse é o "contrato" entre as partes. Não cumpriu? Lamento, até outro dia. Simples assim. É lógico que a ideia não é demitir todo mundo. O ponto central está a um passo atrás: é se cercar do melhor e adotar um estilo Steve Jobs: contratar os profissionais nota 10 e se desfazer dos que recorrentemente não conseguem atingir as metas.

Se você contrata um profissional apenas para preencher uma vaga, certamente terá problema. Vai dispensar muita gente e gastar muito com processos seletivos antes de montar uma boa equipe. Um gasto grande para a empresa.


Uma opinião. Qual é a sua?

Abraço.

7 de junho de 2010

Definição de metas em projetos


Dois filmes que assisti em sequência trouxeram um tema que foi rapidamente comentado em Definição de Responsabilidades - a meta.

Os filmes O Livro de Eli e A Estrada apresentam um mundo pós apocalíptico, onde a sobrevivência é uma luta diária dos protagonistas. Em meio ao caos absoluto, Denzel Washington caminha rumo ao Oeste, levando consigo um cobiçado livro - a Bíblia. Para ele, essa travessia épica só terminará quando o livro for entregue a um merecedor, para disseminar os ensinamentos.

Viggo Mortensen e Charlize Theron formam um casal em A Estrada. Essa película mostra de maneira bastante convincente a diferença entre alguém que tenha uma meta e aquele que já perdeu suas esperanças. Mortensen permanece focado e determinado, lutando contra seja-lá-quem-for para manter vivo seu filho. Um contraponto a outros que ficam pelo caminho, sem motivação para continuar.

O desafio desse post é manter a ideia do tema sem entregar os filmes. Instigar ao leitor a vontade de assisti-los, mesmo que não sejam nenhuma obra prima.

Eli, em uma passagem do filme me fez recordar do treinamento que tive com Alexandre Magno em Scrum. Um dos exercícios realizados por Magno ocorre dentro da sala de aula, onde uma bola é colocada sobre a mesa do professor. Os participantes divididos em equipes devem propor o menor número de passos para que cada um chegue a meta: pegar a bola. A equipe vencedora deve comprovar a proposta executando o caminho até alcançar a meta. Em um determinado momento a bola é retirada pelo Alexandre sem que ninguém perceba o seu movimento. A equipe continua a execução dos passos e só nota que não alcançou a meta já com a tarefa concluída.

Perseguir uma meta não implica em não acompanhá-la e reavaliá-la no decorrer da atividade. Ao contrário, devemos mensurar frequentemente se estamos no caminho correto, se a meta se mantém inalterada ou se podemos fazer outro caminho de menor custo para atingi-la de maneira mais eficaz. Essa reavaliação da meta é realizada por Eli, mesmo com a meta comprometida, o protagonista reavalia as ações para que a meta seja finalmente alcançada.

Essa meta, trabalhada com maior clareza em metodologias ágeis como o Scrum, é a força motriz das equipes, que iniciam um trabalho sabendo claramente o que deve fazer e até onde devem chegar. Sem esquecer de manter os olhos na atividade e na meta, conforme exemplo supracitado.

Um claro exemplo de metas bem definidas é apresentado no livro A cabeça de Steve Jobs, de Leander Kahney. O autor comenta que diversos produtos são mantidos em absoluto segredo. A maioria dos lançamentos são novidades também para grande parte da Apple. Mas como isso funciona? Como alguém consegue desenvolver sua tarefa de criar a interface gráfica do IPhone sem conhecer todo o projeto? A resposta está na ótima definição de meta utilizada pela empresa.

Defina metas que estejam alinhadas ao projeto ou a seus objetivos pessoais e se torne mais eficaz profissional e pessoalmente.

Abraço.

Referências:
KAHNEY, L. A cabeça de Steve Jobs.
HILLCOAT, J. A Estrada. Filme com Viggo Mortensen e Charlize Theron.
HUGHES, Brothes. O Livro de Eli. Filme com Denzel Washington e Gary Oldman.